Hoje é um dia muito especial – pelo menos para esse blogueiro que vos fala. Há exatamente um ano o primeiro post de um blog chamado “Homomento” ia ao ar, como fruto de conversas entre amigos totalmente insatisfeitos com a mídia gay.
Um pouco acanhados e sem um plano específico de postagem/divulgação, fomos progressivamente inflando o site de conteúdo, seja com notícias ou reflexões bastante pessoais. Com a ajuda do twitter, principalmente do @gaybrasil, fomos conquistando leitores e followers, que carinhosamente apoiaram nosso trabalho com RTs e bons comentários.
Como essa lenga lenga institucional pode ser totalmente desinteressante, resolvi para esse post de um ano recapitular alguns dos meus textos favoritos do blog, que na minha opinião sintetizam nossos pontos de vista ou simplesmente foram feitos com esmero.
Criticando
Já mencionei que a crítica à mídia gay foi o impulso inicial desse site. Era inevitável, dessa forma, que essa temática aparecesse por aqui em alguns momentos – provocando até polêmica nas caixas de comentários. Enquanto esse texto da Carol é uma súmula do que pensamos, temos alguns outros, de peças e momentos específicos, que acabam caindo nesse enredo – aqui, aqui e aqui, por exemplo.
Conceituando-nos
Relacionar-se com pessoas do mesmo sexo é, ao menos na nossa sociedade, ter de obrigatoriamente lidar com conceitos. Defina-se. Defina sua sexualidade. Defina o preconceito que você sofre. Somos solicitados a dizer O QUE somos, PORQUE somos, a tentar situar as “origens” desse comportamento. Passamos por essas questões quando recorremos aos dicionários em busca da “homossexualidade”, encontrando mais pré-conceitos do que conceitos propriamente ditos. Confusos, tentamos também compreender o significado do termo “homofobia”, tão proferido por militantes. Desbravamos a última letrinha da nossa sigla (LGBT, para os desavisados), buscando um esclarecimento mínimo em relação a transexuais, transgêneros, travestis e etc.
Particularmente, acredito que chegamos a um ponto interessante no dia internacional da bissexualidade, 23 de setembro. Refletindo sobre uma sexualidade que é vista como “meio termo”, percebemos que na verdade os próprios “termos” são bastante questionáveis. No final das contas, mais desconstruímos do que estratificamos ideias. Parecemos ter, acima de tudo, uma saudável desconfiança das verdades absolutas da ciência, como se percebe no meu “A Sedução Científica” e no “Avanços e Solavancos” do Rodrigo, um dos primeiros bons posts do blog.
Politizando-nos
Um dos focos do nosso trabalho acabou sendo, por causa dos interesses da minha colega Carol, o tema da homossexualidade em âmbito jurídico e político. Para um leigo como eu, algumas postagens foram bastante esclarecedoras, como “Uniões homoafetivas e o reconhecimento do Estado”, que busca fazer um apanhadão de informações sobre a temática. Em outro texto, uma pesquisa interessante sobre o que a lei da criminalização da homofobia – o badalado PLC 122/06 – realmente prevê, buscando sanar dúvidas quanto ao seu real caráter: vai glorificar a homossexualidade? Vai tirar a liberdade de expressão religiosa?
Eu mesmo entrei na onda quando escrevi o “Educação sexual: um instituto necessário”, em que busquei responder aquela perguntinha que fica atrás da orelha de muita gente: uma educação que lide com as diversas formas de sexualidade “confundiria” as crianças?
Mas a pesquisa mais voltada para a utilidade pública, e que espero que tenha sido utilizada pelos leitores, foi a que a Carol fez sobre o registro de união estável entre casais do mesmo sexo, em que fala sobre as vantagens (e dificuldades) do procedimento, como se faz, etc.
Um ano. E agora?
Quem lê o Homomento já deve ter percebido que não estamos numa época de vacas gordas. As ocupações dos membros têm tornado dificultosa a participação, uma vez que gostamos de nos aprofundar minimamente nos assuntos sobre os quais escrevemos. Paira sobre nós uma aura de dúvida e insegurança: que será do nosso Homomento daqui pra frente?
Independente do que acontecer, é com muito orgulho que concluo esse um ano, feliz por saber que aprendi demais com esse simples blog e esperando, do fundo do coração, que tenha sempre compartilhado esse aprendizado com os leitores.